De Jornada – Uma história para continuar

Este conto veio de pais a filhos. Conta-se à lareira, todos os invernos, em Trás-os-Montes. Só acabará quando não houver lareiras nesta província. Nem lareiras, nem lenha que aqueça os narradores.

João de Araújo Correia

41 thoughts on “De Jornada – Uma história para continuar

  1. Até não haver pinheiros nas florestas, nem nos bosques. Será ouvido também pelos animais atentos e pelas crianças que procuram aventuras!

  2. É um conto dos antepassados que desenvolve a imaginação, construido com muito carinho para dar felicidade.

  3. Sem lareira, as crianças não poderão sonhar. nem os narradores imaginarão os sonhos para contar à lareira.

  4. António apanha o comboio na Estação de São Bento. A expectativa é grande, pois há muitos anos que não visita a terra onde nasceu. A Régua! O que irá encontrar?!
    O comboio arranca…

  5. No decorrer da viagem recorda saudoso, as brincadeiras de menino, os parceiros de escola,…

  6. Durante muitos anos, não quis pensar nesse passado, não quis recordar tudo o que aconteceu, preferiu seguir a sua vida como se fosse possível apagar de si uma parte, como se pudesse rasgar uma folha do caderno da vida e seguir escrevendo nas folhas em branco que tinha pela frente. Mas como num caderno a que se arranca uma folha, havia uma metade dessa folha que ficou solta, assimétrica, incompleta, mal presa. Ao fim de alguns anos, já não conseguia disfarçar o bocado de si ausente e foi crescendo devagarinho uma urgência mal definida, que agora reconhecia não poder resolver sem regressar à sua terra natal.

  7. No comboio viaja dentro e fora dele. os verdes das janelas diluem-se no sonho dos relvados da escola onde jogava futebol. A tia da Régua deve estar tão velhinha… mas pode ser que ainda tenha o biscoito de Resende com leite morninho de chocolate que até lambia os beiços!

  8. Eis que a porta da carruagem onde viaja se abre. Ele só vê uns olhos verdes do tamanho do mundo precedidos pelo suave aroma de alfazema. Perde-se naquele olhar que conta mil histórias e esconde algo mais, perde-se na pele mais branca que a neve e nas sardas de um nariz aquilino que o perturba profundamente.

  9. Eis-me de novo na Régua! Há dez anos que não vinha cá.
    Adivinho a tia Rosinha (a tia da Régua, como costumo chamar-lhe às vezes), impaciente à minha espera. Há-de estar já à lareira, com a mesa posta no escano, disposta a contar-me a história prometida para quando eu fosse maior de idade e a pudesse memorizar e contar aos vindouros.
    … Nem imaginam o conto que ouvi!…
    Há muitos, muitos anos, vivia na Régua um rapaz que, apesar de ter nove anos, não conhecia uma letra…

  10. Mas, que se dedicava a agricultura e tudo que fazia era feito com muito gosto.Não precisava de saber ler nem escrever para ser o agricultor mais jovem e mais perfeito do douro…

  11. Para ele, era apaixonante ver como de uma semente deitada à terra, cuidada, regada, podia brotar uma planta cujas folhas, frutos ou raízes alimentariam as pessoas e os animais. Sentia-se co-autor da criação divina.
    Mas do que ele mais gostava era de cuidar da vinha. Desde o plantio à enxertia e à poda, e finalmente na vindima e em todos os passos necessários à produção do vinho do Porto, acompanhava sempre o pai, perguntando a cada momento porque é que se fazia daquela maneira, quando se devia fazer, como é que o pai sabia sempre se já era altura de vindimar…
    Mas havia uma pergunta que ainda não se tinha atrevido a fazer. Sabia que ainda não tinha idade e que o vinho não devia ser bebido por crianças, mas aquele era tão bonito, cheirava tão bem… Quando é que o pai o ia deixar provar pela primeira vez o Vinho do Porto?

  12. Então o menino pensou… pensou …. e nem dormiu a pensar numa maneira de provar o famoso vinho! Pediu ajuda à sua amiga Joana que estava entretida a ler um livro que a fazia rir às gargalhadas! O Diogo a olhar para a Joaninha teve inveja de a ver a ler, teve também vontade de rir com os livros, depressa esqueceu os planos e a travessura que queria fazer e pediu à sua amiga:
    – Ensinas-me a ler Joaninha?
    – Claro Diogo e no Outono vens comigo à escola, sim? Vais ver como é muito divertido!

  13. Vamos chamar-lhe José, que vivia numa pequena aldeia,rodeada de videiras e oliveiras e o cheirinho dos pinheiros, onde brincava e corria descalço, entre os olivais que adorava pegar a terra…. e ajudar a cultivar.
    Mas um dia, ainda vai aprender a ler e escrever !

  14. Diogo (Dioguito, com era conhecido lá na aldeia) sonhava em conseguir reconhecer o som das letras, conseguir juntá-las de forma a produzir novos sons e também em conseguir saber o que todas juntas lhe contavam. Seria como as histórias que lhe contavam, à noite, quando toda a família se reunia em volta da lareira? Conseguiria ele algum dia interpretá-las como tão bem sabia fazer com os sons que o rodeavam? Escuta o melro!… Está chamar a companheira porque já encontrou o lugar para construir o ninho. Agora, é andorinha aflita a chamar o filhote aventureiro, mas ainda tão novo para tais voos… Conseguiria ele encontrar nas letras a mesma musicalidade da Natureza?
    Pensava na sua amiga Joaninha com imenso carinho.

  15. Havia chegado o mês de setembro, Joana sempre atenta inquiriu o amigo.
    Diogo lembras-te da promessa que fizeste?
    Claro Joaninha como poderia esquecer, não vejo a hora de me poder divertir como tu, quando estás a ler.
    Faziam o caminho de ida e volta á escola sempre juntos, com a amiga sempre disposta a ajudar nos trabalhos de casa tudo era divertido. Diogo sempre foi ligado ao campo, mas o bichinho das letras foi-se instalando inevitavelmente, quando chegou a hora de decidir o que faria da sua vida, mais uma vez recorreu á amiga: Joana, não sei o que fazer, não me quero afastar, mas também queria estudar e a amiga que sempre tinha sido o seu suporte respondeu:
    Qual é a dúvida, se tirares um curso na área da agricultura só te afastas temporariamente, e quando voltares, estarás mais preparado para as lides que tanto gostas.
    A parir daí o que tinha sido uma amizade, passou a um período de encantamento, que não tardou a ser brindado com a melhor garrafa de vinho generoso, que seu pai tinha guardado religiosamente para o casamento do Diogo.

  16. Como o tempo passa depressa – pensou Diogo. Ainda há pouco sai daqui…quase criança. Uma criança simultaneamente alegre e ansiosa. A minha primeira viajem de comboio… naquele outono ao rubro, como são os outonos durienses….
    Todas as sensações lhe avivam a memória: a cor das parras, o cheiro a mosto, o odor inigualável daquele vinho generoso que seu pai tanto teimara em guardar…
    O passado – pensou. O presente – reflectiu. A minha história não pode acabar aqui. E, assim, pensando e reflectindo, começou a projectar o futuro.

  17. O DIOGO disse ao pai posso ir para a escola e o pai disse que podia ir para a escola. O Diogo ficou muito alegre e no dia seguinte foi para a escola para aprender a ler e a escrever.

  18. Este menino era muito esperto e tinha tanta vontade de saber ler que todas as noites, antes de adormecer, sabem o que fazia?
    Lia os livros que a sua grande amiga Joana lhe emprestava!
    – Diogo,Diogo apaga a luz que são horas de dormir e a luz está cara!…dizia-lhe o pai….

  19. Ele desligava o candeeiro e fingia dormir! Quando os pais se deitavam retomava as suas leituras.

  20. Para que não se apercebessem que estava a ler, acendia uma lanterna de bolso. Se ouvia passos no corredor, enfiava-se debaixo dos lençóis e continuava a ler. Lia e lia, sem conseguir parar. Por vezes, começava a ouvir o som da cotovia a avisar a chegada de um novo dia. “Ai, tenho que dormir senão amanhã – quer dizer, logo – não consigo aguentar”.
    Acabava por adormecer embalado pelo som das letras. E sonhava com o desenrolar da história que tanto o encantava: o L juntava-se ao e, o ^ saltava para cima do e, o hífen punha-se ao lado e o m e e o e (gémeo do e – eram tão iguais que um tinha que usar chapéu, para que os pudessem distinguir) juntavam-se ao grupo. O ponto de exclamação não quis ficar de fora, e juntou-se também aos grupo, com o seu ar imperativo. Então, resolveram que deveriam põr um nome a este grupo de amigos. Depois, alguma discussão, decidiram que, a partir daquele momento, se chamariam Palavra.
    As outras letras do alfabeto, ao verem tal satisfação, começaram também a querem ser Palavra. Gerou-se tal zaragata que foi a confusão geral. Então o A declarou: “E sou a primeira letra do alfabeto, por isso eu vou ser a chefe! ” Fez-me tal alarde que o grupo do J , do u, do i e do z saltaram para cima do ramo mais alto da maior árvore que por ali se via, Bateram umas nas outras e saiu um som tão forte que até impôs a ordem.
    ” Oh A, cala-te lá, pois és apenas vogal! Vamos ter que arranjar nomes diferentes para nos distinguirmos umas outras, uma vez que somos todos Palavra.”
    Para que a confusão fosse menor, resolveram criar grupos de trabalho de forma a poderem agrupar-se e eleger os seus representes. Assim, começaram a surgir os grupos: nomes, adjectivos (isto passou-se na a. (antes) ao. (acordo ortográfico), verbos, determinantes…

  21. 0 q, o u (gémeo idêntico do u da Palavra juíz, ), i (que também era gémeo e que usava como chapéu um acento agudo para se distinguir do irmão), o n, o t, e o a também formaram um grupo, e associaram-se ao d, o,u,r e o. Depois, resolveram unir-se ao u, v e a. Este resolveu chamar o c,e, p, e a, pois sem ele seria impossível sobreviver…

  22. Desde que aprendera a ler, fascinando pelas palavras, Diogo via o mundo de uma maneira diferente… Enquanto ajudava o pai a erguer a vinha, para onde quer que olhasse, ele imaginava feixes de luz a incidir sobre o negrume do xisto… E lia nele toda a arte e conhecimento que só o Homem do Douro entende.
    O pai de Diogo apercebera-se de como Diogo andava mais interessado pelo mundo que estava para lá dos muros velhos da quinta e quis compreender o que tanto o fascinava. Perguntou-lhe, então, se o ensinava a ler…

  23. Diogo ficou surpreendido com o pedido do pai. De olhos muito abertos olhou silenciosamente para o pai. Depois de alguns segundos, perguntou a medo: – Meu pai, quer que eu o ensine a ler?!.
    O pai encarou-o e olhando-o bem nos olhos, aqueles olhos que espelhavam a alegria do garoto, retorquiu: Sim, meu filho, quero muito. Tu ensinas-me?

  24. E o Diogo respondeu:
    – Claro que sim!… Fico muito contente por também quereres aprender a ler… Nem imaginas as emoções, sonhos e viagens a que te levará cada livro que leres….
    O pai, incrédulo, diz: Será assim tão maravilhoso?!!!!
    O Diogo determinado em demonstrar ao seu pai que a leitura é uma fonte inesgotável de prazer, logo foi buscar o livro de Lingua Portuguesa da sua primeira classe – Alfa 1 – e lhe começou a ensinar as vogais….
    No dia seguinte, quando o Diogo regressou da escola já o seu pai estava sentado à lareira com o caderno em cima da mesa da cozinha, exercitando o que aprendera e aguardando a sua nova lição….

  25. Enquanto ensinava as letras ao pai, desejoso de que também ele entrasse nesse mundo fascinante da leitura, Diogo lembrou-se de que em casa de Joaninha havia muitos livros, tantos que ficavam enfileirados em inúmeras prateleiras espalhadas por todos os compartimentos e pareciam não ter fim. Havia, no entanto, uma parte que lhe despertava uma curiosidade enorme: lado a lado, lá estavam os contos de todo o mundo, dez volumes ricamente encadernados! Como ele gostava de passar os olhos pelas lombadas e ler os títulos gravados a ouro: “Contos Chineses”, “Contos Russos”, “Contos Americanos”… O mais certo era o seu pai gostar das histórias extraordinárias que essas obras de países tão distantes teriam para contar.
    Passado um tempo, quando o ano letivo estava a terminar, pediu emprestado um livro à sua amiga, que lho trouxe com prontidão. Correu pelo caminho da quinta, galgou os degraus dos socalcos dois a dois e foi encontrar-se com o pai, que ainda estava a cavar a vinha, aproveitando a fresca do fim do dia.
    -Credo, filho, que te aconteceu?
    Então, exultante, Diogo exclamou:
    -Pai, oh pai, estou tão contente! Tenho uma surpresa para si! Trouxe-lhe um livro que conta histórias em que você não vai acreditar, histórias de outras terras muito longe daqui! E sabe que mais? Vamos lê-lo os dois… Os dois, meu pai! Venha daí, pai, vamos para casa! Eu levo-lhe o ferro do monte e o cesto para não ir tão pesado.
    Dirigiram-se, então, para casa e procuraram o conforto do banco de madeira colocado junto à porta da entrada. Sentaram-se e, de livro nas mãos, pai e filho perderam-se no tempo percorrendo os espaços de uma América sem fim. ..

  26. E assim foram passando os dias… Punham-se a pé às seis e meia e , de tarde, após a sesta, enquanto o calor não permitia a exposição ao sol inclemente, pai e filho liam avidamente todos os livros que Joaninha levava a Diogo quando combinavam um banho no rio. À noite, o pai contava as histórias que ouvia no povo, quando lá ia abastecer-se de comestíveis.
    -“Era uma vez um homem que possuía uma vinha imensa no estado da Ca-li-fór-ni-a.” – lia o pai, amolecido pelo calor abrasador. Mas logo o sono fugia – Biiii, lá na América também têm vinhas?!
    – Pelos vistos, mas não hão-de ser boas com as nossas, nem dar vinho como o generoso! Ora vamos lá continuar… “A propriedade era tão grande que o vinhateiro não conhecia as extremas do seu extenso património…”
    -Olha, só eu reconheço de cor todos os palmos da nossa terra! – comentava, orgulhoso, o pai.
    – Conhece a terra e conhece esse povo todo… É cada uma!!! Pai, acabei de ter uma ideia! Porque não escrevemos as histórias que conta ao serão, ou quando vamos para a vinha os dois trabalhar? Seriam os “Contos do Douro”! Contos do Douro “ soa bem, não lhe parece, pai?
    Desde esse dia, o Diogo passou a andar com um caderno de linhas e um lápis para todo o lado, passando a registar todas as histórias que o seu pai tinha para contar.

  27. De aí em diante o Diogo tomava atenção ao mais pequeno detalhe de tudo o que observava da vida rural, para apontar no seu caderno. Chegou mesmo a perguntar a várias pessoas mais velhas, com mais sabedoria. Disto obteve várias respostas, como se faz a vindima e se trata da vinha, a apanha da azeitona entre outras atividades, que ele ficou muito agradado de saber tudo isto.
    Quando chegou a casa foi logo ter com o seu pai a contar-lhe todas as suas histórias e o pai também gostou muito de saber tudo isto, e perceber o empenho do seu filho em saber mais sobre isto que hoje em dia, os jovens não ligam muito.

  28. Mas com o Diogo era diferente. A terra, a vinha e tudo que envolvia faziam parte dele, Ele era o Douro personificado. tão pouco era capaz de compreender como alguém poderia não gostar da terra. então, não era ela que nos dá os sustento?

  29. Sim, realmente é a terra que nos dá o sustento! Sem ela não poderíamos cultivar os nossos alimentos. O Diogo não queria ficar por aqui. Ele queria saber muito mais, entao decidiu procurar mais sobre aquele sítio. Ate que…

  30. Enquanto Diogo procurava saber mais sobre a sua terra, o seu pai, muito entusiasmado, todos os dias contava ao filho uma história nova… Cada uma mais fascinante que a outra…
    Uma delas, passava-se no Pêso da Régua. Estava um dia quente de verão e um rapaz que se chamava Domingos decidiu ir com os amigos (Ricardo e Leonel) até ao rio Douro…
    Pelo caminho, como o calor apertava, ambos comeram um refrescante gelado.
    Muito entusiasmados entraram no rio, brincaram durante horas e horas…
    Mas a brincadeira era tanta, que anoiteceu e eles nem deram por nada. Os pais preocupados, procuraram, procuraram e nem sinal deles…
    Até que os pais decidiram ir ver ao rio e qual foi a surpresa deles? Encontraram os filhos deitados na margem inconscientes.
    Ligaram para o 112 e, passado umas boas horas, os filhos regressaram a casa. Os pais perguntaram o que tinha acontecido e eles disseram que estavam muito bem e de repente cairam para o lado.
    Provavelmente, e pela teoria dos médicos devia ter-lhes parado a digestão…
    Os três rapazes aprenderam a lição e nunca mais voltaram a fazer o mesmo.
    – Acabou pai? – perguntou o Diogo.
    – Sim, filho, amanhã vou falar com a D. Rosita para ver se ela sabe algumas histórias sobre terras do Douro…
    No dia seguinte, bem cedinho, o José (pai de Diogo) foi falar com a D. Rosita (uma senhora já de idade)…
    Ela tinha mil e uma histórias para contar…
    Pediu ajuda ao José e acendeu a lareira, ambos se sentaram no conforto do calor e a D. Rosita começou a falar…

  31. Um certo dia, nas terras do Douro fazia-se a vindima! E uma rapariga chamada Joana ia pela primeira vez ajudar os seus pais na vindima. Ela estava fascinada com todas aquelas variedades de uvas! Ela empenhou-se muito em ajudar os seus pais, que ficaram admirados com a sua incrível vontade de vindimar. Eles nem queriam acreditar que a sua filha preferia ajudar os pais e não ir brincar com as suas amigas que se encontravam ao longe a brincar muito animadas.
    -E foi assim que aconteceu! Disse a D. Rosita.
    Mas ele queria saber muitas mais, então a D. Rosita começou a contar outra história!
    Uma vez numa aldeia de Trás-os-Montes chamada…

  32. Mas uma voz chamou lá de fora:
    – Rosa! Ó Rosa! Olha quem está a chegar! Disse-me o Ti’ Joaquim que viu o teu sobrinho António a sair do comboio na estação!

  33. – Ai, louvado seja o Senhor! – exclamou a D. Rosita, levando a mão ao coração. – Ouviu as minhas preces. Há quanto tempo não vejo o meu menino. Ainda o estou a ver a entrar no comboio, com os olhos cheios de lágrimas…

  34. Sara, Beatriz, Magui (como lhe chamavam), juliana, Andreia, Ricardo e Domingos decidiram fazer uma caça ao tesouro na sua escola.
    A Juliana escreveu as pistas/adivinhas e também escondeu “o tesouro”.
    Como a Juliana escondeu o tesouro não jogou.
    Formaram-se as equipas: Sara,Beatriz, Magui e Andreia, Ricardo e Domingos.
    A Juliana deu o sinal e começou…
    A equipa 1 leu a priemira pista e foi dar ao campo de futebol da escola.
    Com a equipa 2 pasosu-se o mesmo.
    Leram a segunda pista e foram as duas equipas dar a uma porta nas traseiras da cantina da escola.
    O que seria?-interrogavam-se ambas as equipas.
    Abriram a porta e deram com uma divisão secreta, pelo menos para os alunos…
    Mas tinham medo de entrar porque era muito escuro. Então a Sara e o Ricardo ganharam coragem e entraram…
    Embora parece-sse muito escuro, não era! Parecia um paraiso. Paredes pintadas de verde e azul, o teto tinha estrelas pintadas, mas estavam tão brilhantes que pareciam reais.
    Uma parede tinha uma grande era cheia de flores brancas e rosa, outra tinha olhos com um olhar assustador.
    Quando chegaram ao fundo da passagem secreta, viram duas portas, uma pintada de rosa e com uns olhos e um sorriso encantador e simpático. A outra era negra e tinha uns olhos e boca que não eram muito simpáticos…
    Foram a correr chamar os seus amigos, e quando chegaram ao fim os amigos perguntaram o que eram aquelas portas. Tentaram abrir mas nenhuma abria.
    Então surgiu uma voz simpática e bonita que disse que so podiam escolher um caminho. Ouviu-se um grande barulho… Foram ver o que era e a porta de entrada tinha-se fechado, e não abria!
    Aflitos disseram que queriam a porta “sorridente”. A porta abriu e entraram para lá todos a correr assustados.
    E derepente viu-se uma luz e regressaram á aula de Matemática.
    A professora, estava no quadro e quando se virou viu todos os alunos. Ela com ja tinha uma idadezinha nem deu conta de nada. Os amigos quando sairam da aulas prometeram não contar nada a ninguém…
    Foi uma aventura das grandes….

    -Pois Pai, uma e das grandes…
    Ambos riram-se.
    E foram almoçar, depois do almoço o Diogo regressou a escola…

  35. É nesse calor sufocante que a vida encontra o rumo no Inferno em que se encontra. E sabe que não tem um fim, que não há saída. Sabe que apesar de correr atrás do pequeno pedaço de esperança que dela ri, jamais poderá sonhar. E sem sonhos… sem horizontes… a vida e a sua história poderá apenas contar com a complexa eternidade.

  36. Ao sair de estação, António reparou que a Régua estava diferente! Parecia uma cidade moderna! Mas, quando chegou à sua aldeia, ficou espantado, pois nada tinha mudado, desde a sua infância… O mesmo café-mercearia com a esplanada com as suas mesas e cadeiras de ferro, junto ao jardim cheio de flores de todas as cores e de árvores frondosas. No centro o velho carvalho, cujo tronco era rodeado de um banco redondo de madeira envernizada. Realmente, tudo parecia ter parado no tempo!

  37. António dirigiu-se à quinta onde vivia a Tia. O portão estava aberto e António quis percorrer a pé o longo caminho ladeado de vinha. Ao fundo, a Tia esperava-o junto à porta de casa, uma casa branca, muito grande, cuja entrada estava coberta por uma bela roseira trepadeira de rosas vermelhas e brancas.
    António viu que a Tia se aproximava dele com o passo miúdo de sempre. E uma onda de comoção fê-lo apressar o passo. Os cabelos outrora loiros da Tia estavam brancos, as faces enrugadas… Mas os olhos verdes continuavam vivos e belos como sempre!
    A Tia vestia o casaco de lã fina que ele lhe mandara no Natal e António viu esse gesto como mais um gesto gentileza tão próprio da sua tia…

  38. António abraçou a Tia com emoção… Uma lágrima soltou-se dos olhos de António, não de tristeza, mas de uma estranha alegria, que António já não sentia há muito tempo. Há demasiado tempo! Para ele, aquele reencontro era o regresso a casa, ao lugar onde nascera e fora feliz, pelo menos, até um dia… Mas, mais do que o passado, António sente imediatamente que, naquela casa, começará uma nova etapa da sua vida…

  39. António estava muito feliz! Andou a percorrer a casa e nada tinha mudado desde a sua infância. O seu quarto continuava igualzinho ao que era dantes. A cama com o lençol de flanela azul, com as duas almofadinhas fofas azuis…
    Ao lado, uma mesinha de cabeçeira com uma fotografia sua e a da tia, no café-mercearia do sr. António. Estavam ambos sentados numa mesa e numa cadeira de ferro.
    Nesse dia, ele tinha uns 7 anitos…
    Estava aborrecido em casa e a tia decidiu levá-lo ao carvalho perto do café. Colheu um monte de flores selvagens e ofereceu à tia, que ficou tão contente que o levou ao café do sr. António…

  40. Recordou com saudade esse dia. Como eram fáceis esses tempos de criança… sem quaisquer preocupações para além de ouvir outro sermão da mãe quando esfolava o joelho pela terceira vez na mesma semana.

  41. Começou assim uma viagem pelo tempo. Recordando todas aquelas brincadeiras, todos os amigos que deixou para trás e desejava nunca o ter feito…Foi então que teve uma ideia.

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